Pouca gente sabe que um dos grandes nomes da música instrumental brasileira vive de maneira pacata em Jardinópolis. Por isso, o show que a Mogiana Jazz Band realiza hoje (23), no Auditório do Sesc Ribeirão, vai ser uma boa oportunidade para conhecer o trabalho de Alcebíades Spínola Filho, o Bidinho.
O trompetista é o convidado da big band na apresentação que vai contar, no repertório, com standards do jazz e composições desse paulista nascido há 69 anos em Pontal. “Aceitei o convite porque gosto muito do trabalho da Mogiana. Além disso, fiz todos os arranjos das músicas, o que não foi fácil, porque são 25 músicos”, afirma.
Bidinho é um velho conhecido na cena musical brasileira. Nos anos 1970, mudou-se para o Rio de Janeiro e, até a década de 1990, trabalhou com os principais nomes da MPB e do rock nacional. Gravou e participou de bandas de artistas como Elis Regina, Raul Seixas, Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Djavan, Zizi Possi, Jorge Benjor, Tim Maia, Kid Abelha, Barão Vermelho e, nos últimos anos, Cidade Negra e Banda Eva.
Desde 2006 vive em Jardinópolis, onde curte a aposentadoria. Ou quase isso, já que os convites para participações em shows aparecem toda hora. “[Por aqui] Já me apresentei com a banda Balaco e com o Pó de Café Quarteto. Aceito [os convites] porque a música não acaba na gente. Sinto saudades do palco”, diz.
Compositor
Nos últimos anos, o trompetista vem se dedicando à composição, tanto que uma de suas músicas, intitulada “Pó de Café”, faz parte do CD de estreia do quarteto de jazz homônimo.
“No Rio, eu tocava quase todo dia, por isso não tinha muito tempo para compor. Aqui em Jardinópolis já escrevi mais de 200 músicas”, comenta. Algumas delas vão ser apresentadas nesta terça, no Sesc. Umas homenageiam parceiros célebres, como o pianista João Donato, com quem Bidinho tocou várias vezes.
Outras, como “Carlos Suga” e “Zeca, o Inesperado”, foram criadas para amigos que convivem com o músico em Jardinópolis. Já “Lilian” foi escrita para a filha que se mudou recentemente para a cidade do pai.
“Sonho Verdadeiro” recebeu esse nome porque Bidinho sonhou com a música. “Com as notas na cabeça, levantei da cama e fui escrevê-la. Antes, eu criava a música e depois esquecia. Hoje coloco tudo no computador e isso ajuda muito”, diz.
Ficou conhecido pela versatilidade
Apesar da paixão pelo jazz, Bidinho tocou em bandas de rock e até com artistas sertanejos. Para se ter uma ideia, em 1985 participou da primeira versão do Rock in Rio, acompanhando Moraes Moreira, Pepeu Gomes e o conjunto Blitz. Também tocou na primeira edição do Free Jazz, com o maestro Moacir Santos, e nas seguintes com Marinho Boffa, Leo Gandelman, João Donato, Victor Biglione e Cássia Eller.
Conheceu a Europa de cabo a rabo participando de festivais de jazz, como o Umbria Jazz e o de Montreux, na banda de Gal Costa. “Eles vivem me ligando para eu voltar a tocar. Mas para mim já deu. Estou velho para o Rio de Janeiro”, garante.
Serviço
Mogiana Jazz Band Convida Bidinho
Terça-feira, às 20h30, no Auditório do Sesc Ribeirão
Rua Tibiriçá, 50
Ingressos a R$ 10, R$ 5 e R$ 2,50
Inf.: (16) 3977-4477