O estudante Rian Augusto Rosa foi espancado na porta da escola em Jardinópolis — Foto: Arquivo Pessoal
A Justiça adiou o interrogatório dos dois acusados de espancar o estudante Rian Augusto Rosa, de 17 anos, em Jardinópolis (SP). Agredido na saída da escola em setembro de 2018, o jovem segue internado em estado vegetativo na Santa Casa de Batatais (SP) devido às graves lesões.
Donizete Alfredo Bosco Campos, de 28 anos, e Kayê Mendes Pinheiro dos Santos, de 21 anos, seriam ouvidos nesta quinta-feira (9), mas a ausência de uma testemunha de acusação considerada importante pelo Ministério Público inviabilizou a sequência dos trabalhos.
Durante a tarde, outras cinco testemunhas foram ouvidas no Fórum de Jardinópolis, entre elas a mãe da vítima. A expectativa é de que uma nova audiência de instrução seja marcada em cerca de dez dias. Somente depois dela a Justiça deve definir se os réus serão ou não levados ao Tribunal do Júri.
Kayê Mendes Pinheiro dos Santos é acusado de participação na agressão contra estudante de 17 anos em Jardinópolis, SP — Foto: Reprodução/EPTV
"Uma das testemunhas não foi localizada e eu considero uma testemunha importante para a acusação, por isso insisti para que fossem feitas diligências para tentar encontrar esta testemunha e a juíza deferiu o meu pedido. De forma que, agora, dependo do concurso policial para encontrar essa testemunha importante e então será designada uma nova audiência", disse a promotora de Justiça Ana Carla Froes Ribeiro Tosta.
Presos preventivamente, Campos e Santos respondem por tentativa de homicídio triplamente qualificado. Além de motivo torpe - os réus teriam sido levados pelo sentimento de vingança e de rejeição -, eles respondem por aplicar meio cruel que impossibilitou a defesa da vítima.
Advogado de defesa de Donizete Campos, Carlos Borzani disse que o réu relatou que jamais teve intenção de ferir ou matar Rian e que o jovem bateu a cabeça no chão após uma briga entre eles.
"A defesa do réu Donizete expressa solidariedade para com a família da vítima, mas a defesa técnica se faz necessária. Ninguém pode ir a julgamento sem um defensor, sob pena de nulidade dos atos praticados", disse.
Procurada, a defesa de Pinheiro dos Santos informou que prefere não se manifestar nessa fase do processo.
O crime
Rian foi atacado no dia 5 de setembro, ao deixar a escola estadual Professor Plínio Berardo. Segundo o Ministério Público, ele caminhava em direção ao ponto de ônibus, quando foi abordado por Donizete e começou a ser espancado. Mensagens com ameaças foram encontradas no celular da vítima.
Kayê levou Donizete até o local e, de dentro do carro dele, acompanhou as agressões. De acordo com o MP, Rian foi jogado ao chão e recebeu vários chutes na cabeça e chineladas no rosto. A vítima permaneceu em posição fetal enquanto era agredida, sem chance de reação. Mesmo inconsciente, o estudante continuou a apanhar de Donizete e a ser xingado.
Testemunhas disseram que, antes de deixar o local de carro com Kayê, Donizete ainda fez ameaças aos estudantes e aos moradores que presenciaram o crime, além de debochar de Rian.
A advogada Sandra de Morais Peporini, que representa a família da vítima, defende que Donizete e Kayê sejam julgados por homicídio. "O estado vegetativo é a mesma coisa que morte", afirma.
Na época do crime, o inquérito policial foi instaurado por lesão corporal, mas a tipificação foi alterada para tentativa de homicídio em razão da gravidade do estado de Rian.
Antes de ter a prisão preventiva decretada pela Justiça, Donizete prestou depoimento à Polícia Civil e alegou arrependimento. Ele também afirmou que começou a brigar com Rian após receber uma cusparada e ser empurrado. Segundo ele, os ferimentos na cabeça do estudante foram causados pela queda dele durante a confusão.
Donizete foi preso em janeiro deste ano, em uma casa no bairro Parque Industrial Tanquinho, Zona Norte de Ribeirão Preto. Já Kayê foi encontrado pela Polícia Militar, em novembro de 2018, no Centro de Ribeirão Preto.