Rian Augusto Rosa está internado na Santa Casa de Batatais — Foto: Reprodução/Facebook
A Justiça marcou para o dia 29 de maio a primeira audiência para ouvir os réus e as testemunhas de acusação e de defesa no caso do estudante Rian Augusto Rosa, espancado em setembro de 2018, em Jardinópolis (SP).
Os acusados são Donizete Alfredo Bosco Campos, de 28 anos, e Kayê Mendes Pinheiro dos Santos, de 21 anos. Eles estão presos preventivamente e respondem por tentativa de homicídio triplamente qualificado - motivo torpe, utilizando-se de meio cruel que impossibilitou a defesa da vítima.
De acordo com a Promotoria, Rian foi violentamente agredido após terminar o namoro com Kayê e se envolver com o ex-namorado de Donizete. O Ministério Público defende que os acusados foram motivados pelo sentimento de vingança e de rejeição, uma vez que não se conformavam com o fim dos relacionamentos.
Segundo a advogada da família da vítima, em razão da gravidade das lesões, Rian encontra-se em estado vegetativo e segue internado na Santa Casa de Batatais (SP). A expectativa dela é que os réus sejam levados a júri popular.
O G1 não localizou as defesas dos acusados para comentar o assunto.
Jovem foi espancado na porta de escola estadual em Jardinópolis, SP — Foto: Reprodução/EPTV
Agressões na porta da escola
Rian foi atacado no dia 5 de setembro, ao deixar a escola estadual Professor Plínio Berardo. Segundo o Ministério Público (MP), ele caminhava em direção ao ponto de ônibus, quando foi abordado por Donizete e começou a ser espancado. Mensagens com ameaças foram encontradas no celular da vítima.
Kayê levou Donizete até o local e, de dentro do carro dele, acompanhou as agressões. De acordo com o MP, Rian foi jogado ao chão e recebeu vários chutes na cabeça e chineladas no rosto. A vítima permaneceu em posição fetal enquanto era agredida, sem chance de reação. Mesmo inconsciente, o estudante continuou a apanhar de Donizete e a ser xingado.
Testemunhas disseram que, antes de deixar o local de carro com Kayê, Donizete ainda fez ameaças aos estudantes e aos moradores que presenciaram o crime. Ele também debochou de Rian.
Kayê Mendes Pinheiro dos Santos é suspeito de participação na agressão contra estudante de 17 anos em Jardinópolis, SP — Foto: Reprodução/EPTV
A vítima foi levada em estado grave para a Unidade de Emergência do Hospital das Clínicas (HC-UE), em Ribeirão Preto (SP), onde ficou internada até ser transferida para a Santa Casa de Batatais.
“Cada dia que passa, ele fica mais debilitado. Ele está sobrevivendo, mas está sofrendo e a família está sofrendo. Ele tem 17 anos, então, ele tem uma resistência maior do que uma pessoa mais velha. Com isso, ele vai sobrevivendo e a qualidade de vida dele vai diminuindo porque ele não tem mais recuperação”, diz a advogada da família, Sandra de Morais Peporini.
Prisões
Na época do crime, o inquérito policial foi instaurado por lesão corporal, mas a tipificação foi alterada para tentativa de homicídio em razão da gravidade do estado de Rian.
Antes de ter a prisão preventiva decretada pela Justiça, Donizete prestou depoimento à Polícia Civil e alegou arrependimento. Ele também afirmou que começou a brigar com Rian após receber uma cusparada e ser empurrado. Segundo ele, os ferimentos na cabeça do estudante foram causados pela queda dele durante a confusão.
O estudante Rian Augusto Rosa foi espancado na porta de escola em Jardinópolis, SP — Foto: Arquivo pessoal/Divulgação
Donizete foi preso em janeiro deste ano, em uma casa no bairro Parque Industrial Tanquinho, Zona Norte de Ribeirão Preto. Já Kayê foi encontrado pela Polícia Militar, em novembro de 2018, no Centro de Ribeirão Preto.
A advogada da família de Rian defende que os réus sejam julgados por homicídio, tendo em vista o quadro clínico do estudante após o espancamento. Segundo Sandra, o caso é irreversível, conforme considerações da junta médica do hospital.
“Embora ele respire, essa é a tese que eu vou desenvolver, ele é um morto vivo. Eu acho que, nesse caso, mesmo estando respirando, os réus tinham que sofrer as penalidades aplicadas ao homicídio consumado. Qual é a expectativa de vida do rapaz? Nenhuma. A chance de recuperação é zero”, afirma.