Rian Augusto Rosa morreu aos 18 anos. Ele foi agredido quando saía da escola em Jardinópolis, SP, em setembro de 2018 — Foto: Redes Sociais
A Justiça realiza na próxima sexta-feira (25) o júri popular de Donizete Alfredo Bosco Campos, acusado de agir na morte do estudante Rian Augusto Rosa, espancando na porta da escola em setembro de 2018 em Jardinópolis (SP).
A sessão está marcada para começar às 8h no Fórum da cidade com testemunhas, advogados, representantes do Ministério Público e jurados.
A participação do público, no entanto, não tinha sido liberada pela Justiça até esta segunda-feira (21).
Campos é um dos dois acusados pela morte do estudante e, com Kayê Mendes Pinheiro dos Santos, foi pronunciado, em setembro do ano passado, por homicídio triplamente qualificado por: motivo torpe, meio cruel e cometido de forma que impossibilitou a defesa da vítima.
A juíza Joice Sofiati Salgado, da 2ª Vara de Jardinópolis, concluiu que há indícios de que Donizete Campos agrediu Rian, que Santos participou da ação e que os dois agiram de maneira intencional.
A magistrada também manteve Campos preso até o julgamento, enquanto Santos, solto desde dezembro de 2019, continua a responder em liberdade.
Dois meses depois da pronúncia, os julgamentos acabaram desmembrados porque a defesa de Campos não recorreu da decisão. A previsão inicial era de que o Tribunal do Júri seria em 4 de junho, mas, devido ao feriado de Corpus Christi, a Justiça remarcou a sessão para a próxima sexta-feira.
O julgamento de Kaye dos Santos, que entrou com um recurso em sentido estrito contra a pronúncia, ainda não foi marcado.
Reconstituição do espancamento de Rian Augusto Rosa em Jardinópolis, SP — Foto: Antônio Luiz/EPTV
O crime
Rian morreu em 29 de julho de 2019 após permanecer por dez meses em estado vegetativo, em razão das lesões sofridas no espancamento. Para o Ministério Público, as agressões contra ele foram motivadas pelo sentimento de vingança: o estudante havia terminado o namoro com Kayê dos Santos e se envolveu com o ex-namorado de Donizete Campos.
Segundo a Promotoria, em setembro de 2018 a vítima seguia em direção ao ponto de ônibus, quando foi abordada por Donizete e começou a ser espancada. Mensagens com ameaças, enviadas pelo suspeito, foram encontradas no celular de Rian.
Ainda de acordo com o MP, Kayê levou Donizete ao local e, de dentro do carro, acompanhou as agressões sem fazer nada. A Promotoria sustenta que Rian foi jogado ao chão e recebeu vários chutes na cabeça, além de chineladas no rosto.
A vítima permaneceu em posição fetal enquanto era agredida, sem chance de reação. Mesmo inconsciente, o estudante continuou a apanhar. Testemunhas disseram que, antes de deixar o local, Donizete Campos ainda fez ameaças aos estudantes e debochou de Rian.
A defesa de Campos alega que houve excessos nas acusações do Ministério Público. Já a defesa de Kayê dos Santos nega participação nas agressões e alega que o acusado apenas tinha dado uma carona para Donizete Campos, porque ia pegar um irmão na escola.
Donizete Campos foi preso em janeiro de 2019, em uma casa na zona norte de Ribeirão Preto (SP). Kayê dos Santos foi preso dois meses após o crime durante uma abordagem da Polícia Militar no Centro de Ribeirão Preto, mas em dezembro de 2019 conseguiu liberdade provisória. A defesa alegou que ele é réu primário, tem residência fixa e trabalho lícito, e que a instrução penal já havia terminado.
Em 15 de julho de 2019, os acusados participaram da reconstituição do crime, que ficou marcada por uma contradição: enquanto Donizete alegou ter sido empurrado por Rian, testemunhas relataram o contrário, que a vítima foi empurrada antes de ser agredida no chão.