Divulgação do Instituto Buntantan sobre nova variante N9 em Jardinópolis estaria errada
A variante chamada N9, ao contrário do que divulgou o Butantan, não é uma mutação da variante P1 que surgiu em Manaus-AM, assim como a N9 não é uma linhagem de atenção e nem de interesse, segundo secretária de saúde de Jardinópolis
Por Renato Gomes
* { }A variante chamada 'N9', ao contrário do que divulgou o Butantan, não é uma mutação da variante 'P1', que surgiu em Manaus-AM, assim como a N9 não é uma linhagem de atenção e nem de interesse, segundo secretária de saúde de Jardinópolis e pelo que aponta o Instituto Adolf LutzNa última segunda-feira (26), o Intituto Butantan publicou uma matéria em seu site, falando sobre a detecção de três novas variantes da SARS-CoV-2 no estado de São Paulo, e uma dessas variantes seria a chamada N9, que segundo o Butantan, seria uma variante da P1 do amazonas, e essa variante teria sido descoberta em Jardinópolis.Segundo a matéria do Butantan: "As novas cepas foram encontradas na Baixada Santista (B.1.351, variante sul-africana, já identificada em Sorocaba), Itapecerica da Serra (B.1.318, variante encontrada na Suíça* e também no Reino Unido) e em Jardinópolis (N9, uma mutação da P1, a variante amazônica, já encontrada em vários estados). A variante sul-africana é de preocupação, enquanto a N9 e a suíça* são, por enquanto, variantes de interesse. Ainda é cedo para dizer, porém, se elas são mais transmissíveis ou mais agressivas do que as variantes brasileiras já amplamente descritas, a P1 e a P2. "Entramos em contato com a Secretaria de Saúde de Jardinópolis, e numa conversa com a secretária Ivanice Cestari Dandara, nos informou sobre um documento do Instituto Adolf Lutz, onde eles fazem um monitoramento das linhagens do SARS-CoV-2 nas Regiões de Saúde do Estado de São Paulo, assim como informações passadas a ela pelo Grupo de Vigilância Epidemiológica - GVE. Explicando: "A confirmação de Variantes de Atenção se dá, atualmente, por meio do sequenciamento genético com alta qualidade, aliado ao trabalho de vigilância epidemiológica para investigação dos casos; como aspectos clínicos, históricos de viagens e rastreamento de contatos. A investigação completa para determinar a ocorrência contribui para as estratégias de vigilância, para a tomada de medidas mais assertivas pelo poder público." Segundo esse monitoramento, (imagem abaixo), existem algumas linhagens de onde o SARS-CoV-2 vem, e ele cria suas novas linhagens, por exemplo, a cepa variante P1, é da linhagem da B.1.1.28, assim com a P2, mas apenas a P1 é uma "variante de Atenção".Arte: Instituto Adolf Lutz - Monitoramento das linhagens do SARS-CoV-2 nas Regiões de Saúde do Estado de São PauloLembrando que "linhagem" é um conjunto de vírus que descendem de um ancestral comum e acumulam mutações. Já o termo variante é mais genérico e representa qualquer vírus que foi sequenciado e possui mutações que o diferenciam da versão original do vírus, ou seja, o ancestral comum do coronavírus identificado pela primeira vez na China, em 2019Já a variante N9, divulgada como sendo a encontrada em Jardinópolis pelo Butantan, seria na verdade uma nova linhagem da B.1.1.33, nem mesmo sendo uma variante de atenção e nem de interesse, isso pois a N9 não seria tão patogênica quanto a P1.O curioso é que Jardinópolis não foi a única cidade no estado de São Paulo que foi detectado essa variante N9.O Estado de São Paulo foi divido em regiões para um controle maior da situação da pandemia, essas regiões são chamadas de Departamentos Regionais de Saúde ou simplesmente de DRS.Jardinópolis se encontra na DRS XIII da região de Ribeirão Preto, e ainda assim, a variante mais encontrada nessa região foi justamente a P1, com 78,95% de detecção dessa variante, já a N9 foi de apenas 5,26%.Arte: Instituto Adolf Lutz - Monitoramento das linhagens do SARS-CoV-2 nas Regiões de Saúde do Estado de São PauloAlém disso, outras DRS's do estado também tiveram detecção da N9, como nas regiões da grande São Paulo, Araraquara, Baixada Santista, Bauru, Piracicaba e Marília, essa última teve 5,41% de detecção da N9, mais do que na região de Ribeirão Preto.Entramos em contato com o Instituto Butantan na tarde de ontem (27), pedindo explicações sobre essa matéria que acabou sendo amplamente divulgada no território nacional por grandes mídias, mas até a publicação desta matéria, não tivemos resposta.Segundo a secretária de saúde, Ivanice, a Secretaria também entrou em contato pedindo para que essa informação fosse corrigida. Fontes: Secretaria de Saúde de Jardinópolis / Instituto Adolf Lutz / Instituto ButantanImagem capa: Divulgação / Internet