A família de um tratorista acusa a Santa Casa de negligência médica depois que o homem foi socorrido e liberado da unidade de saúde, mesmo com dores de cabeça, após ser atropelado na noite de sábado (13). Nivaldo Fernandes, de 40 anos, morreu na manhã do dia seguinte em casa por traumatismo craniano. A Secretaria Municipal da Saúde abriu uma sindicância nesta segunda-feira (15) para investigar o caso.
A irmã da vítima, Eliana Aparecida do Nascimento, contou que levou Nivaldo para o hospital no próprio carro, depois que o tratorista foi atropelado por um veículo, quando seguia de bicicleta por uma rua no Centro da cidade. “Quando eu cheguei ao local, encontrei meu irmão deitado com a cabeça na sargeta e o corpo no asfalto, perto de um monte de lixo. Ele não falava coisa com coisa”, relembrou.
Na Santa Casa, Nilvado realizou exames de Raio X da coluna e da cabeça, foi atendido por um médico plantonista e recebeu alta logo em seguida. A cunhada Cláudia Aparecida Fernandes, que também acompanhou o atendimento, disse que em nenhum momento o médico prescreveu algum tipo de medicação.
“O médico disse que estava tudo bem. A enfermeira chefe do hospital disse que ele deveria ficar, no mínimo, seis horas em observação, mas o médico disse que não precisava. O médico não passou nem analgésico para dor”, afirmou Cláudia.
Mesmo reclamando de dor de cabeça, Nivaldo foi levado para casa pela irmã e pela cunhada. Ele morava sozinho e foi encontrado morto na manhã de domingo (14) pela mãe, Maria Conceição Morotti, que costumava cozinhar para o filho aos finais de semana.
“Eu entrei na casa e vi que ele estava deitado no sofá. Coloquei o pé dele para cima porque achei que estava dormindo. Foi então que eu percebi que ele estava gelado. Eu apalpei o peito dele e ele estava todo gelado”, afirmou Maria.
O corpo foi levado para o Instituto Médico Legal de Ribeirão Preto, que realizou exames no cérebro e constatou a morte por traumatismo craniano. “O médico do IML disse que ele poderia ter sido salvo. Ele poderia estar aqui com a gente agora. Isso que fizeram é uma brutalidade”, completou a mãe, que registrou um boletim de ocorrência sobre o caso.
Investigação
A Secretária da Saúde de Jardinópolis, Wania Marchió Capeli, confirmou que Nivaldo foi atendido na Santa Casa da cidade, mas, segundo ela, o médico que socorreu a vítima é um prestador de serviços. “A conduta de manter em observação ou não é voltada ao profissional que faz o atendimento. No caso, o profissional que liberou o paciente confiou na avaliação que fez e, naquele momento, achou desnecessária a observação”, explicou Wania.
A secretária instaurou uma sindicância e disse que solicitará apoio do Conselho Regional de Medicina (CRM) para analisar o prontuário do paciente. “Os exames estão em poder da Secretaria, que vai encaminhar para sindicância junto com todos os relatórios médicos existentes para averiguar a responsabilidade nesse caso.” O médico não foi afastado das atividades.